O Caso do colar de diamantes, ou Caso do colar da rainha, foi um sórdido incidente ocorrido por volta de 1758 na corte de Luís XVI de França, envolvendo involuntariamente a rainha de origem Austríaca, Maria Antonieta, danificando muito a sua reputação às vésperas da Revolução Francesa, quando já era considerada extremamente impopular.
A intriga: O que se conhece da intriga baseia-se sobretudo no que Rohan alegou na instrução do processo. O cardeal de Rohan teria se apaixonado por Maria Antonieta, a rainha consorte da França e por meios ardilosos e escusos a condessa Jeanne de Valois de la Motte e um impostor de nome Cagliostro teriam convencido o Cardeal de que teriam meios de fazê-lo cair nas boas graças da Rainha.
Maria Antonieta desprezava Rohan desde que sua mãe, a Arquiduquesa Maria Teresa de Áustria, dera em Versalhes a notícia da vida dissoluta e dos gastos que o cardeal fazia em Viena ( a época embaixador naquela corte). Rohan fora demitido de seu cargo por intervenção da Rainha, porem este acreditava que sua paixão seria correspondida. Rétaux de Villette, amante da condessa, forjou cartas assinadas pela rainha e endereçadas ao cardeal. Combinaram uma entrevista noturna, num bosque nos jardins de Versalhes com uma prostituta, Nicole d'Oliva, que muito se assemelhava fisicamente com a Rainha. O cardeal julgou ser sua amada e lhe emprestou 150 mil libras.
O cardeal Rohan
A Condessa de La Motte
Mais tarde, a prostituta lhe pediu novos empréstimos, além de que servisse de intermediário entre ela e os joalheiros Boehmer e Bossange na compra de um colar de diamantes no valor de 1,5 milhão de libras, o qual ela desejava ter, mas em segredo, para não alarmar o rei. Os joalheiros também foram contatados com um pedido para que entregassem o colar a Condessa Jeanne para que esta o entregasse à Rainha. Rohan aceitou servir de intermediário na transação, chegando o colar às mãos da condessa de La Motte, que o vendeu desmontado em Londres com o auxílio do seu amante. Quando a fatura dos joalheiros chegou ao palácio real, tudo foi descoberto, e o rei Luís XVI mandou prender o cardeal Rohan, Cagliostro, a condessa e seus cúmplices, num total de quinze pessoas.
Maria Antonieta e o Colar
Reconstituição do colar de Maria-Antonieta em zircônia
O processo Criminal: O Rei e a Rainha exigiram um processo público. A instrução do processo foi longa e escandalosa. Os inimigos da Rainha na corte aproveitaram para humilhá-la. O cardeal de Rohan pertencia a uma família cuja influência só ficava atrás da dos Bourbon, com rendas que ascendiam a um milhão e duzentos mil libras - o orçamento de um pequeno país. A própria Sorbonne tomou posição pelo seu Prior e o cardeal Rohan acabou sendo libertado (bem como Nicole d'Oliva); considerou-se que, quando muito, teria sido ingênuo. Por consequência, o Rei Luís XVI o enviou rapidamente para o exílio.
Rétaux de Villette foi declarado culpado por falsificação e exilado, bem como Cagliostro. A Condessa de la Motte foi declarada culpada e condenada a ser chicotada e marcada a ferro em brasa com um "V" de "Voleur" ("Ladrão"). No entanto, no momento da aplicação da pena, a condessa foi tão precipitada que o carrasco lhe aplicou o ferro no peito, provocando assim a compaixão pública. Ela foi condenada à prisão perpétua no "La Salpêtriére" de onde fugiu logo a seguir. O seu marido, Antoine-Nicolas de la Motte, cúmplice na venda dos diamantes em Londres, foi condenado às galés à revelia, já que havia fugido para Londres.
Maria-Antonieta em seu julgamento em 15 de outubro de 1793
Desenho de Pierre Bouillon
Destino dos Envolvidos: O cardeal sobreviveu à Revolução e viveu o resto de sua vida no exílio. Rétaux de la Villette terminou igualmente sua vida no exílio na Itália. Nicole d'Oliva voltou para o anonimato e morreu em 1789, aos 28 anos. Cagliostro foi preso durante a Inquisição Italiana e morreu na prisão da Fortaleza na cidade de San Leo. Nicolas de la Motte voltou a Paris após a Revolução. A Condessa Jeanne de la Motte morreu em Londres após uma queda da janela de seu quarto. Certas pessoas acreditam que ela foi assassinada por revolucionários, mas provavelmente, ela tentava fugir de seus credores. Maria Antonieta, por decorrência da Revolução Francesa, foi levada à guilhotina em 1793, assim como seu marido, o rei, sendo novamente o “Caso do Colar” revivido, dentre tantas outras acusações vis para conduzi-la injustamente à morte.
Último retrato oficial de Maria Antonieta, pintado por Elisabeth Vigée-Le Brun em 1788
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