Museu Mineiro apresenta “Fábrica de Pedras”
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Museu Mineiro apresenta “Fábrica de Pedras”, nova exposição de Daniella Domingues e Victor Galvão
Mostra apresenta esculturas, pinturas, vídeos e fotografias que investigam forças telúricas e o encontro entre corpo humano e matéria mineral
O Museu Mineiro inaugura, nesta quinta-feira (27), às 19h, a exposição “Fábrica de Pedras”, de Daniella Domingues e Victor Galvão, com entrada gratuita. A mostra é resultado de pesquisas em regiões vulcânicas e de experimentações que atravessam a fotografia, a escultura, a instalação e o desenho.
“Fábrica de Pedras” se estrutura a partir de um interesse comum que os artistas identificaram em suas práticas individuais: a observação dos vulcões e dos processos geológicos como forças de criação, destruição e reorganização da matéria. Essa convergência deu origem a uma produção conjunta que passou a editar materiais acumulados ao longo de anos e também a gerar novos trabalhos desenvolvidos especialmente para esta mostra.
O título, “Fábrica de Pedras”, surge da própria natureza dos vulcões. Para Victor, eles funcionam como mecanismos que “criam camadas novas de matéria e transformam completamente o território ao redor, reorganizando tudo o que existia ali antes”. Essa observação orienta a lógica da exposição, que trata a força geológica como gesto e como ficção.
O tema dos vulcões aparece de modo literal, em vídeos e fotografias realizados em áreas vulcânicas, e também simbólico, na escolha de materiais como o enxofre - visível tanto nas imagens quanto na composição de algumas esculturas.
As obras formam uma paisagem em camadas: impressões fotográficas em diferentes tecidos e papéis, desenhos concebidos por meio da cianotipia e objetos que articulam moldagem, modelagem, assemblage e tratamentos de superfície com pigmentos e minerais.
Todos os trabalhos foram produzidos especialmente para esta exposição, permitindo uma construção precisa da relação entre materiais como gesso, poliuretano, seda, pedra, enxofre e cera de abelha. Para Daniella, “cada peça nasce de uma referência geológica, mas não se limita a ela — há sempre um deslocamento para outras materialidades, um contraste entre o acidental e o intencional, entre a forma natural e o gesto humano”.
Os artistas descrevem parte desses processos como uma ação quase ritual, na tentativa de reproduzir formas naturais e, ao mesmo tempo, imprimir nelas algo profundamente humano.
Grande parte do material da exposição foi reunido durante a residência realizada em junho de 2025 na Cittadellarte/Fundação Pistoletto, na Itália, com pesquisas no Vesúvio, em Campi Flegrei e no Etna.
Já as experiências anteriores do duo em áreas vulcânicas — Victor visitou o Cotopaxi e Galápagos em 2017 e Daniella esteve no Popocatépetl, no México em 2024 — formaram a base do vocabulário que compartilham.
A parceria, segundo os dois, não opera por complementaridade, mas por expansão. Victor comenta: “Somos muito parecidos nos interesses e na curiosidade. Trabalhar junto torna tudo mais ágil e mais livre — editamos e desenvolvemos com naturalidade o que o outro começa. Isso nos incentiva a testar limites, a avançar para materiais e procedimentos que talvez não experimentaríamos sozinhos”.
O desejo que orienta “Fábrica de Pedras” é despertar no público o mesmo assombro que acompanha seus encontros com os vulcões. Como diz Daniella: “As escalas de força, tempo e movimento que envolvem a Terra ultrapassam a nossa experiência humana e nos lembram que também somos matéria em transformação”.
E, para Victor, “cada obra é uma tentativa de situar nossos corpos dentro desse fluxo de metamorfoses — um movimento delicado e, ao mesmo tempo, violento, que atravessa tudo o que existe”.
Conheça os artistas
Daniella Domingues e Victor Galvão produzem em co-autoria desde 2024. Além de suas práticas individuais, trabalham juntos em processos experimentais envolvendo fotografia, escultura, escrita, vídeo, composição musical e aromática.
Daniella Domingues é artista e pesquisadora. Seus trabalhos já foram exibidos em espaços institucionais no Brasil e no exterior, como o Memorial Minas Gerais Vale, o Museu de Arte de Ribeirão Preto, Kunstverein Kevin Space (Viena), Platforms Project (Atenas) e Akademie Schloss Solitude (Stuttgart). Daniella já participou de residências artísticas na Itália, no México e no Japão.
Victor Galvão trabalha entre a galeria, a sala de cinema e a composição musical. Realizou exposições individuais institucionais no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, na Fundação Clóvis Salgado e no Memorial Minas Gerais Vale. Seus filmes foram exibidos em diversos festivais no Brasil e no exterior e em seus projetos musicais produziu lançamentos com os coletivos TARDA e DUM.
Serviço:
Exposição “Fábrica de Pedras”, de Daniella Domingues e Victor Galvão
Abertura: 27/11 (quinta-feira), às 19h
Período de visitação: 27/11a 28/01/2026, de 3ª a 6ª, das 12h às 19h; sáb., dom., e feriado, das 11h às 19h
Entrada gratuita










