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Festival Interativo de Música e Arquitetura homenageia o Cine -Theatro Central de Juiz de Fora


Cine Theatro foto  larissa noe
Cine Theatro - foto larissa noe

Festival Interativo de Música e Arquitetura homenageia o Cine-Theatro Central de Juiz de Fora, quinta-feira, dia 14/12


Depois de reverenciar teatros históricos em Sabará, Manaus, João Pessoa, Belém e Niterói, terceira edição do FIMA chega à cidade mineira com a apresentação da Orquestra Acadêmica da UFJF e do violonista Luis Leite, e participação da arquiteta Mônica Olender

 

 

Depois de homenagear diferentes monumentos arquitetônicos no estado do Rio de Janeiro (1ª edição) e contemplar importantes palácios e museus Brasil afora (2ª edição), o FIMA - Festival Interativo de Música e Arquitetura, em sua terceira edição, se dedica a homenagear os teatros históricos do Brasil, promovendo uma convergência lúdica entre música e arquitetura em alguns dos mais importantes templos da arte e da cultura brasileira. A terceira edição, que acontecerá até março de 2024, já percorreu desde outubro os estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Paraíba e Pará, chegando, agora, em Minas Gerais, mais precisamente em Juiz de Fora, oferecendo concertos presenciais e virtuais, podcast, websérie e conteúdos interativos -  o último dia 7, o festival também esteve em Sabará, resgatando a memória do seu Teatro Municipal. Com patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet, Governo Federal - União e Reconstrução, todas as apresentações do FIMA têm entrada gratuita.



orquestra da UFJF menor
orquestra da UFJF

A nova temporada acontecerá em Juiz de Fora no próximo dia 14 de dezembro, às 19h, celebrando um dos monumentos arquitetônicos mais importantes da cidade, o Cine-Theatro Central. Um edifício que navega entre o Eclético e o Art Dèco, que contrasta sua simplicidade externa com a rica decoração artística de seu interior. Com uma arquitetura do início do século XX - que incorporava técnicas inovadoras e estilos de múltiplas influências culturais e artísticas – o Cine-Theatro Central irá receber a Orquestra Acadêmica da UFJF, sob a regência da Maestra Anna Lamha e o virtuoso violonista Luis Leite em uma celebração da arte, transcendendo o tempo e o espaço desta construção, contando também com os comentários da arquiteta Mônica Olender. Com larga experiência em conservação e restauração, a arquiteta irá transmitir ao público detalhes desta arquitetura e história, que refletem a efervescência de uma época de transição para a modernidade, uma modernização resultada de uma série de recursos capitais que passaram a circular na cidade devido ao crescimento de sua indústria cafeeira e têxtil, fazendo com que Juiz de Fora passasse a ter uma classe social em ascensão ávida por novas formas de diversão e entretenimento. 



Cine Theatro foto Larissa Noé
Cine Theatro foto Larissa Noé


 “Um dos principais objetivos do FIMA é estabelecer uma conexão afetiva do público com importantes patrimônios históricos brasileiros. Nesta nova edição do Festival, alguns dos mais importantes teatros históricos brasileiros serão celebrados. Edifícios que ao longo do tempo testemunharam importantes capítulos da trajetória artística do país. Através da música e da arquitetura, seremos transportados a diferentes momentos de nossa história, criando uma experiência multissensorial que unirá passado, presente e futuro. Uma jornada de reconhecimento e apreciação da rica trama que compõe a identidade cultural brasileira." afirma Pablo Castellar, Idealizador, Curador e Diretor Artístico do FIMA.

 

 

 

 

O Programa e o Cine-Theatro Central

 

Elaborado especialmente para este concerto, o programa se inicia resgatando uma história começa em 1926, quando quatro amigos (Francisco Campos Valadares, Químico Corrêa, Diogo Rocha e Gomes Nogueira) adquiriram o barracão de ferro com telhado de zinco do antigo Teatro Polytheama, uma simplória casa de espetáculos que ficava no mesmo terreno entre a rua São João e a antiga rua da Califórnia, hoje Rua Halfeld, onde se encontra o Cine-Theatro Central. Menos de um ano depois, em junho de 1927, juntos fundaram a Companhia Central de Diversões e convidaram o arquiteto ítalo-brasileiro Raphael Arcuri para levantar o projeto de um novo imóvel. A sigla dessa companhia CCD pode ser vista acima do palco do Cine-Theatro Central. Em troca, o arquiteto se tornou o quinto sócio do empreendimento, já que o orçamento ultrapassava as finanças do grupo. 



Filho de um imigrante italiano que se estabeleceu em Juiz de Fora como pedreiro e, mais tarde, empreiteiro de construções na cidade, Raphael fez sua formação em arquitetura num atelier napolitano durante um período marcado pela fusão entre a cultura estilística e inovação. A empresa de seu pai, Pantaleone Arcuri e Spinelli, empregava muitos conterrâneos, muitas vezes contratados ainda na Itália.  Para lembrar deste início e de toda essa relação ítalo-brasileira, o programa abre com "La Danza" de Gioachino Rossini, evocando um pouco este espírito italiano que ecoa nesta construção. 

 

Em seguida, será tocada "Pavane pour une infante défunte", de Maurice Ravel, uma obra de melodia suave, nostálgica e refinada, escolhida por transmitir toda a elegância serena e a delicadeza visual das ninfas que estampam as pinturas decorativas, em Art Nouveau, no Foyer no teatro. Uma curiosidade: as ninfas haviam sido pintadas nuas em 1928 pelo italiano Angelo Bigi e foram “vestidas” em 1936 por pressão da sociedade conservadora da época.

A próxima peça do programa marca o dia de inauguração deste teatro, em 30 de março de 1929, quando o Cine-Theatro Central abriu pela primeira vez suas portas, numa solenidade que contou com apresentação de uma orquestra realizando o Intermezzo da ópera "Cavalleria Rusticana" de Pietro Mascagni  e a exibição do filme mudo “Esposalheia" de Edward Laemmle. O intermezzo se manteve presente nas aberturas de quase todas as sessões no teatro, em exibições ao vivo, no fosso e alguns anos mais tarde, passou também a ser tocada para receber o público no foyer em um disco de 16 polegadas, quando o Cine-Theatro Central se tornou a primeira sala de Juiz de Fora a oferecer som mecânico. 


 

A jornada musical continua com o Prelúdio da "Bachianas Brasileiras No. 4", de Heitor Villa-Lobos, uma composição que ressoa o encontro entre o velho e o novo mundo. Assim como Bachianas apresentam uma fusão entre o contraponto barroco de Johann Sebastian Bach e a textura melódica do folclore brasileiro, o Cine-Theatro Central é também o resultado de uma confluência cultural, que emergiu do encontro de tradições arquitetônicas europeias e brasileiras.

 

A obra seguinte é uma referência a elementos decorativos e arquitetônicos do teatro – especialmente a pintura interna sobre o estuque do teto do salão também assinadas por Ângelo Bigi – tão característicos da Renascença e do Barroco, de ambiência neoclássica que homenageia as artes da música, da ópera e do teatro, destacando figuras como as de Mozart, Carlos Gomes e Wagner. Desta forma, o programa volta ao passado através da música indo da renascença do compositor polonês Jakub Polak com “Prelude e Gagliarda para alaúde” ao barroco do "Concerto em Ré Maior RV 93 para Alaúde e Cordas", de Antonio Vivaldi. Duas obras que também permitem lembrar outro momento importante dessa casa, quando, em 1997, o teatro recebeu pela primeira vez o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. O evento, organizado pelo Centro Cultural Pró-Música, e que hoje também pertence à UFJF, levou importantes concertos e óperas ao Central. 

 


Ao lembrar e reviver o passado cinematográfico deste teatro, que funcionou também como cinema até os anos 90, serão apresentadas três trilhas sonoras emblemáticas dos filmes "O Carteiro e o Poeta" de Michael Radford, "A Missão" de Roland Joffé, "Cinema Paradiso" de Giuseppe Tornatore. Deles ouviremos os seguintes temas musicais:  "Il Postino" (de O Carteiro e o Poeta), "Gabriel's Oboe" (de A Missão), "Tema Principal" e "Tema de Amor" (de Cinema Paradiso).

 

"Cinema Paradiso" celebra também outro momento histórico deste teatro, quando no ano de 1994 este edifício, após ser adquirido pela Universidade Federal de Juiz de Fora, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio federal, e se inicia um movimento pela sua revitalização que resulta na grande restauração de 1996. Uma música que evoca a profunda ligação emocional da comunidade juiz-forana com seu cinema local.

 

O concerto se encerra lembrando ano de 1968, quando foi realizada, nesta casa, a primeira edição do Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora, que ganhou outras cinco edições e chegou ao fim em 1973, marcando a história da música local e nacional. Assim, serão tocadas "Travessia" e "Maria Maria" de Milton Nascimento, compositor mineiro, voz ativa na década de 90, em prol da recuperação deste edifício, que também marcou com sua voz a história da música popular brasileira. Duas obras que permitem lembrar também um evento recente do Cine-Theatro Central, quando, em 2019, o cantor realizou o show de reabertura desta casa após sua última reforma.

 

 

Programação - FIMA

 

Seguindo no objetivo de construir uma relação afetiva do público com os patrimônios visitados pelo projeto, através de um diálogo cativante e multissensorial,  o FIMA - Festival Interativo de Música e Arquitetura, em sua terceira edição, irá celebrar também importantes orquestras brasileiras: a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (Belém); a Orquestra Amazonas Filarmônica; a Orquestra Sinfônica do Recife; e a Orquestra Acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora, além da participação especial da Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim, reverenciando o Theatro Municipal de Niterói.


Além da programação presencial, o FIMA amplia sua presença digital. Os "Concertos Virtuais FIMA" serão exibidos gratuitamente nas redes sociais do festival, em formatos tradicionais e 360º. A websérie "Obras em Nota" antecipará o que será apresentado levando aos espectadores um entendimento mais claro sobre as escolhas das obras apresentadas em cada local, enquanto o podcast "Diálogos FIMA" trará insights e entrevistas com músicos, palestrantes e convidados especiais.    


O FIMA também se dedica à educação musical, oferecendo aulas magnas gratuitas com artistas renomados e o projeto "FIMA na Escola", uma ação educacional com o objetivo de sensibilizar crianças, estimulando novos caminhos de valorização de suas identidades culturais. Tudo isso para que melhor compreendam a importância do patrimônio histórico de suas comunidades.

 

 

Dia 14 de dezembro de 2023, quinta-feira

Local: Cine-Theatro Central - Juiz de Fora

Horário: 19h00

Retirada de ingressos a partir do dia 12/12 no Cine-Teatro de Juiz de Fora até o dia do concerto.

 

 

Orquestra Acadêmica da UFJF

Anna Lamha, regência

 

Solista:

Luis Leite, violão 

 

Palestrante: Mônica Olender, arquiteta 

 

PROGRAMA

 

GIOACHINO ROSSINI (1792 - 1868)

La Danza 

Duração: 3 minutos 

 

MAURICE RAVEL (1875 - 1937)

Pavane pour une infante défunte 

Duração: 7 minutos

 

PIETRO MASCAGNI (1863 - 1945)

Cavalleria Rusticana - Intermezzo 

Duração: 3 minutos

 

HEITOR VILLA-LOBOS (1887 - 1959)

Bachianas n. 4 - Prelúdio

Duração: 4 minutos 

 

JAKUB POLAK (1545 - 1605)

Prelude e Gagliarda 

Duração: 3 minutos

 

ANTONIO VIVALDI (1678 - 1741)

Concerto em Ré Maior RV 93 para Alaúde e Cordas

Allegro Giusto

Largo

Allegro

Duração: 12 minutos

 

LUIS BACALOV (1933 - 2017)

Il Postino do filme "O Carteiro e o Poeta"

Duração: 7 minutos

 

ENNIO MORRICONE (1928 - 2020)

Gabriel’s Oboe do Filme "A Missão"

"Tema Principal" e "Tema de Amor" do Filme "Cinema Paradiso" 

Duração: 10 minutos

 

MILTON NASCIMENTO (1942 - )  

Travessia

Maria, Maria

Arranjos: Jessé Sadoc

Duração: 9 minutos

 

Bios

 

ORQUESTRA ACADÊMICA DA UFJF

 

Criada em 2015, a Orquestra Acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora é parte integrante do Laboratório de Grupos Musicais da UFJF. É formada por docentes, TAEs e estudantes da instituição, além de músicos convidados. Como disciplina do Departamento de Música do Instituto de Artes e Design, a Orquestra integra o currículo dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Música da UFJF e colabora com as classes de composição, arranjo, orquestração, instrumentos e canto. Ela cumpre seu papel de formação dos alunos abrangendo as áreas do ensino, pesquisa e extensão, afora seu destacado viés cultural. Desde sua fundação, o grupo realizou concertos em diversos espaços da cidade e região, como o Auditório Geraldo Pereira (IAD/UFJF), Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora, Conservatório Estadual De Música Haidée França Americano, IF-Sudeste Campus Rio Pomba, entre outros.

 

LUIS LEITE 


Luis Leite
Luis Leite


Luis Leite é um dos principais violonistas brasileiros em atividade, com mais de 20 anos de carreira e turnês em mais de 30 países. Sua música representa a união do clássico e popular – escola conhecida como “Third Stream” –, sendo hoje um dos principais representantes deste estilo no mundo do violão.

Ao longo de sua carreira, lançou diversos álbuns com composições originais e seu álbum Vento Sul foi eleito um dos melhores lançamentos de música instrumental do ano de 2018.

Apontado como “um verdadeiro virtuose do violão” (Revista Concerto, Viena), Luis foi vencedor de vários concursos internacionais, como o John Duarte Competition, na Áustria e o Ivor Mairants Guitar Prize, em Londres.


Formado pela Universität für Musik (Viena) e Accademia Musicale Chigiana (Itália), Luis é PhD em linguagens de improvisação para violão. Retornou ao Brasil em 2009, assumindo a cátedra de violão da UFJF, onde criou o primeiro bacharelado híbrido em violão clássico e popular do país. Também é professor convidado na JML University (Viena).

 

ANNA LAMHA

Anna Lamha é maestra e compositora natural de Juiz de Fora. Realizou seus estudos na Universidade Federal de Juiz de Fora, e hoje atua como funcionária do Departamento de Música, realizando gravações no Estúdio de Música e conduzindo a Orquestra Acadêmica da UFJF. Atualmente, é mestranda no PPGACL (IAD UFJF), pesquisando formas de interações corpóreas na composição musical eletroacústica.

 

MONICA OLENDER 



Monica Olender
Monica Olender

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1999); especialização em Conservação e Restauração em Sítios e Monumentos - CECRE - pela Universidade Federal da Bahia/ UNESCO (2003); mestrado em Arquitetura e Urbanismo - área de concentração Conservação e Restauro - pela Universidade Federal da Bahia (2006); doutora em Arquitetura e Urbanismo - área de concentração Urbanismo - Universidade Federal da Bahia (2021). Desde 2012 é Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde ministra as disciplinas Técnicas Retrospectivas e Projeto em Patrimônio Cultural. Participa, como pesquisadora, do Grupo de Pesquisa Laboratório de Patrimônios Culturais - LAPA/UFJF e como estudante, do Grupo de Pesquisa Cidades Politicas - CIPOS/UFBA. Sua experiência pedagógica se deve à sua atuação, de 2011 a 2012, no Campus Santos Dumont do IFSUDESTEMG, onde foi responsável pela elaboração do PPP do Curso de Conservação e Restauração de Bens Ferroviários; de 2006 a 2011, como coordenadora do Curso de Especialização em Gestão do Patrimônio Cultural desenvolvido no Instituto Metodista Granbery - JF/MG; e como professora titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Ensino Superior-JF, de 2008 a 2011, onde ministrou as disciplinas de Técnicas Retrospectivas I e II e Arquitetura e Urbanismo em Juiz de Fora. Participou, de 1999 a 2011, da maioria dos projetos realizados pelo Programa de Estudos e Revitalização da Memória Arquitetônica e Artística - PERMEAR (do qual foi presidente e vice-presidente). Tem experiência de atuação na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em elaboração de projetos de Conservação e Restauração de bens imóveis e na preservação de bens culturais". Integra, desde 2012, o Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS.

 

CINE-THEATRO CENTRAL 

 

O Cine-Theatro Central é um dos principais bens do patrimônio cultural de Juiz de Fora. Tombado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi adquirido pela UFJF em 1994, restaurado e reinaugurado em 1996. Com capacidade para 1.751 lugares, o Central combina características clássicas, em seu interior, e influências eclética e art déco na fachada. Erguido pela Companhia Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri e inaugurado em 30 de março de 1929, o teatro foi projetado para apresentações cênicas, óperas, orquestras e balé e integrou o circuito comercial de cinema até o início da década de 1990 como uma das principais salas de projeção da cidade.


Atualmente, o local é aberto ao público, seja para visitas guiadas seja para realização de espetáculos diversos (teatro, música e outros eventos multilinguagens). Ao longo de seus quase 95 anos, o Cine-Theatro Central tem recebido artistas locais, nacionais e internacionais.

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