Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira, foi uma das autoras mais importantes e pioneiras da literatura brasileira, uma aguerrida lutadora social no período da Conjuração Mineira (1789) e é considerada a primeira poeta do País.
Estamos falando de uma mulher que viveu no século 18, em uma colônia de exploração de matéria-prima, regida pela escravidão e pelo coronelismo. Uma mulher que assumiu seu relacionamento afetivo sem se casar oficialmente, gerenciou as fazendas da família, lutou na Inconfidência (mesmo que isso custasse sua herança, sua família e sua vida), ousou escrever poesias quando as mulheres nem alfabetizadas eram e acabou cuidando e educando os filhos sozinha depois do exílio do marido.
Alvarenga Peixoto e Bárbara Heliodora viveram juntos por algum tempo, e só se casaram, por portaria do bispo de Mariana, de 22 de dezembro de 1781, quando Maria Ifigênia, filha do casal, já contava três anos de idade. Desta união nasceram quatro filhos.
Para Aureliano Leite em "A Vida Heroica de Barbara Heliodora", "ela foi a estrela do norte que soube guiar a vida do marido, foi ela que lhe acalentou o seu sonho da inconfidência do Brasil ... quando ele, em certo instante, quis fraquejar, foi Barbara que o fez reaprumar-se na aventura patriótica. Disso e do mais que ela sofreu com alta dignidade, fez com que a posteridade lhe desse o tratamento de Heroína da Inconfidência".
A poetisa viveu entre a vila de Campanha da Princesa e a de São Gonçalo de Sapucaí. O capitão-de-mar e guerra Alberto C. Rocha, no artigo publicado (sob as iniciais A.C.R.) em 11 de outubro de 1931, em A Opinião de S. Gonçalo do Sapucaí, explica as razões da decretação da demência de Bárbara: com o propósito de se livrar da ameaça de sequestro e execução, ela "vendeu", por escritura de 27 de julho de 1809, os bens que ainda lhe restavam ao seu filho José Eleutério de Alvarenga. Ora, tal manobra, ao que parece, prejudicava a Fazenda Real; para que fosse anulada a citada escritura, Heliodora foi declarada demente.
Depois que o seu marido, Alvarenga Peixoto partiu, ainda perdeu a filha de Maria Ifigênia em um acidente de cavalo. Foi para a filha que Bárbara escreveu um soneto que é o mais belo poema de sua autoria:
Amada filha, é já chegado o dia,
em que a luz da razão, qual tocha acesa,
vem conduzir a simples natureza:
– é hoje que o teu mundo principia.
A mão, que te gerou, teus passos guia;
despreza ofertas de uma vã beleza,
e sacrifica as honras e a riqueza
às santas leis do Filho de Maria.
Estampa na tua alma a Caridade,
que amar a Deus, amar aos semelhantes,
são eternos preceitos da Verdade.
Tudo o mais são ideias delirantes;
procura ser feliz na Eternidade,
que o mundo são brevíssimos instantes.
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